BANCADAS ‘BOI, BALA E BÍBLIA’ AMPLIAM PEDIDOS AO GOVERNO

Com esse título, o jornal O Estado de S. Paulo, em sua edição de 31 de julho, noticia que o governo de Michel Temer, enfraquecido com a delação do Grupo J&F e com a tramitação da acusação (robusta, aliás) da Procuradoria Geral da República (PGR), vem sofrendo assédio de parlamentares ligados às bancadas BBB (Boi, Bala e Bíblia), que estão reforçando demandas de seu interesse junto ao Executivo.
Como se sabe, os BBBs mencionados são organizados para defender os interesses do agronegócio (Boi), da segurança pública (Bala) e da religião (Bíblia). E, juntos, abrigam 80% dos 213 deputados que não declararam publicamente como vão votar a respeito da admissibilidade ou não da acusação formal.
Além de distribuir emendas parlamentares e de receber mais de uma centena de deputados, Temer já atendeu algumas reivindicações das frentes e indica que poderá apoiar outras demandas históricas dos grupos. A sinalização mais clara foi dada à bancada ruralista, a mais organizada e combativa da Câmara, formada por 205 deputados.
Para se manter no poder, Temer age na base do toma lá, dá cá, um método que eu, particularmente, considero pouco republicano. Mas que a vida é assim, é! E as bancadas mencionadas não são as únicas. Tem interesse para todos os gostos: banqueiros, empreiteiros, partidários etc.
Tais lobbies sempre existiram e lograram sucesso. Quem bobeia nas regras do jogo é o trabalhador, que tem poucos representantes no Legislativo e, por isso, sempre acaba na rua da amargura, sem número. Quem me acompanha sabe muito bem. Sempre defendi -e incentivei -a participação nas eleições da classe trabalhadora.
Como dizia o saudoso governador Mário Covas, política é a arte de servir ao povo. Com Covas aprendi. E sempre tento seguir tal exemplo.
A vida pública é feita na base do é dando que se recebe, sem dúvida. Mas trata-se, óbvio, de um recurso pouco moral.
Os interesses do povo são sempre relegados a último plano nessa troca de interesses. Por esta razão, o Brasil se arrasta no terceiro-mundismo, com saúde, educação, cultura, renda e desigualdade social muito aquém do exigido, infelizmente.
 
Ramalho da Construção
Sindicalista e deputado estadual pelo PSDB-SP

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