Em 2030, Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo

Ramalho da Construção, nessa entrevista, afirma ser necessário resgatar a dignidade dos mais velhos, que muito fizeram pela construção do Brasil. Leia:

 

A população idosa do Brasil, em 2030, ultrapassará o total de crianças até 14 anos. O que pensa?

O Brasil já foi considerado, na década dos anos 1960, um País de jovens. Hoje, com o avanço constante da medicina, as pessoas ganharam muito mais tempo de vida. Além disso, os costumes mudaram. Há muitos métodos anticoncepcionais à disposição. São poucas as famílias numerosas, com bastante filhos, como antes, onde a prole chegava a mais de dez crianças, falando por baixo. São dois ou três filhos no máximo. E olhe lá. São outros tempos. E o governo brasileiro precisa estar atento.

 

O que fazer?

Creio que se deve alinhavar políticas de melhoria de qualidade de vida para os idosos. A renda relativa à aposentadoria só dá para comprar remédios e comida, pouca. Não há dignidade para os nossos velhos, que tanto trabalharam para construir o País. Fora que as tentativas para diminuir ainda mais o sistema de aposentadoria são constantes. Penso ser uma vergonha. Até um crime contra a humanidade.

 

Políticas públicas sólidas?

Sim. E que atendam de forma adequada e eficaz essa parcela cada vez mais numerosa da população.

Pesquisadores falam que a Previdência Social precisa projetar os próximos anos e planejar sua estrutura financeira para atender essa demanda.

 

Algo será feito?

No último governo houve uma ausência de sensibilidade administrativa para conduzir os serviços sociais. Já com o presidente Lula da Silva, a esperança aumenta, pois ele, historicamente, tem compromisso com o social. Viveu a pobreza na pele. E quem passou fome jamais esquece.

 

O que os idosos precisam?

Primeiro, mais dinheiro para a própria sobrevivência. Em segundo, respeito. Julgo também importante a prática de atividade física com inclusão social. Todos precisamos de exercícios. Mas os praticados pelos jovens são outros. O organismo deles responde de forma diferente da dos idosos. Precisa haver critério nessa questão.

 

No mundo, o crescimento da população de idosos é semelhante ao do Brasil?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o número de pessoas com idade superior a 60 anos chegará a 2 bilhões até 2050. Isso representará um quinto da população mundial. O desafio é brasileiro e, também, universal.

 

Qual a filosofia do nosso Sindicato a respeito?

Aqui, no Sintracon-SP, temos um Departamento específico para atender aos mais velhos. Sempre acreditei que só se evolui combinando renovação com experiência. Nossos aposentados participam efetivamente das decisões do Sindicato. São os primeiros a falar. Afinal, sou aposentado e sócio do Sindnapi – Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, cuja Diretoria é muito combativa.

 

E a questão da violência aos mais velhos?

É sempre presente e constante. O Sindnapi, aliás, desenvolve a campanha “Junho Violeta” em solidariedade aos idosos. Tem como objetivo conscientizar e combater a violência contra os idosos, promovendo respeito, motivação e cuidado.

 

Há uma Campanha criada pela Organização das Nações Unidas, não?

Criada em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU), essa campanha busca sensibilizar a sociedade para a importância de se reconhecer o valor dos idosos, bem como garantir que eles tenham uma vida digna. Ela engloba diferentes formas de violência, como o abuso físico, psicológico, financeiro, negligência e abandono.

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