Duas recentes notícias escancaram a contradição do mercado de trabalho no Brasil. De um lado, uma pesquisa da Serasa Experian aponta que 54% dos trabalhadores não conseguem chegar ao fim do mês com dinheiro no bolso, vivendo apertados e endividados. De outro, empresários do setor da construção civil afirmam que o país vive praticamente um cenário de “desemprego zero para quem quer trabalhar”, destacando a falta de mão de obra qualificada.
Mas afinal, como é possível que falte trabalhador para as vagas e, ao mesmo tempo, a maioria da população siga sem condições de manter uma vida digna?
A resposta está no baixo valor dos salários pagos no setor produtivo. Se há emprego, mas o salário não acompanha o custo de vida, o resultado é óbvio: o trabalhador aceita a vaga, mas continua sem conseguir pagar suas contas, sustentar a família ou fazer algum tipo de planejamento para o futuro.
Esse cenário revela que o problema não está na falta de vontade de trabalhar — o povo brasileiro é reconhecido mundialmente pela sua dedicação e esforço —, mas sim na ausência de uma política séria de valorização salarial, qualificação profissional e distribuição justa da riqueza.
O Sintracon-SP alerta que é urgente inverter essa lógica: não basta criar vagas, é preciso garantir salários que deem condições reais de sobrevivência e dignidade. Sem isso, a conta nunca vai fechar.
Enquanto o trabalhador continuar sendo explorado com salários baixos, não haverá pleno emprego que resolva a desigualdade social no Brasil.
Ramalho da Construção
Presidente do Sintracon-SP