
O Brasil enfrenta intensa cobertura de fumaça, resultado de um aumento recorde no número de queimadas, especialmente na Amazônia.
A maior concentração de fumaça tem origem no Sul da Amazônia, que abrange os estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso, além de incêndios na parte boliviana da floresta.
A Amazônia Legal registra o maior número de focos de incêndio dos últimos 19 anos.
O fogo também atinge regiões do interior de São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Karla Longo, especialista em qualidade do ar e pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), afirma que a fumaça cobriu uma área de quase 5 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 60% do território brasileiro.
Além da seca impiedosa e das mudanças climáticas que vêm atingindo todo o planeta, essas queimadas, na maioria das vezes, são provocadas pela ação humana, de forma criminosa.
Os incêndios são muitas vezes iniciados por agricultores em áreas de pastagens, para renovação de pastos, e por grupos que causam desmatamento para eliminar vegetação rasteira e retirada de madeira para comercialização.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, fez questão de registrar: o governo identificou a origem das queimadas no Pantanal.
O dramático problema teria origem em 18 focos de incêndio, a maioria em propriedades privadas.
Marina ainda associou a maior parte das queimadas na região de Corumbá (MS) como consequência do desmatamento. “O município enfrenta a situação mais crítica do bioma”, alertou a ministra. E vaticinou:
“Os culpados serão indiciados. Nós já sabemos de onde veio a propagação desse fogo. As pessoas foram identificadas. E o processo de investigação continua em curso.”
A Polícia Federal atua com força-tarefa no local para apurar atuação humana nos incêndios.
Marina ainda anunciou a criação de duas “bases interagências” que vão servir de apoio logístico para brigadistas, além de ser o ponto de planejamento para o combate aos incêndios.
Esses equipamentos vão funcionar com apoio do Exército e ministérios no Sul do município de Corumbá e na Transpantaneira, rodovia que atravessa o bioma entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Segundo o governo, há 500 brigadistas e militares participando do combate às queimadas na região.
Apesar da promessa do anúncio de mais verbas, a ministra informou que os ministérios fazem um levantamento para promover o remanejamento de valores dentro das Pastas e se será necessário a liberação de crédito extraordinário. “Ainda não há definição de valores”, segundo Marina.
O MMA chegou a encaminhar um documento à Casa Civil com pedidos de recomposição orçamentária para o combate às chamas.
A ministra falou com jornalistas no Palácio do Planalto, após uma reunião da sala de situação criada para tratar a seca na região pantaneira e na Amazônia.
Marina prometeu ainda uma presença ministerial mais forte no Pantanal durante a crise. Recentemente, uma comitiva do Governo Federal visitou o local.
Mais bombeiros
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a convocação imediata de mais bombeiros militares para integrar a Força Nacional e auxiliar no combate a queimadas no País.
Conforme a decisão do ministro, a quantidade será fixada pelo Ministério da Justiça. Os agentes devem ser oriundos de estados que não estão diretamente atingidos pelos incêndios florestais.
Cuidados com a saúde
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou, orientações para redução de danos à saúde e cuidados que a população e os gestores de saúde devem seguir para lidar com os problemas relacionados às queimadas pelo Brasil. Segundo a ministra, os efeitos à saúde podem ser bastante sérios e surgirem a curto prazo ou a longo prazo. Os efeitos atingem mais aqueles em situação de vulnerabilidade, como pessoas com comorbidades, crianças, idosos e gestantes. Os sintomas mais preocupantes no curto prazo são náusea e vômito. Há o risco de aumento dos riscos de problemas cardiovasculares e problemas respiratórios.
Ações criminosas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que as queimadas que atingem o Brasil são resultado de ações criminosas. “É gente que está tentando colocar fogo para destruir esse país”, afirmou, ao citar que em um mesmo dia foram registrados incêndios em 45 cidades do Estado de São Paulo. Lula também apontou que 85% das propriedades afetadas no Pantanal são particulares. O que, segundo ele, reforça a necessidade de uma resposta mais rigorosa às queimadas ilegais.
Como começaram os incêndios em SP?
Os incêndios que atingiram o Interior de São Paulo provocaram mortes, o bloqueio total ou parcial de rodovias que cortam o Estado e restrição de atividades em aeroportos.
O governo paulista decretou emergência em alguns municípios. Até o momento, diversos suspeitos de provocar queimadas foram presos.
A Defesa Civil do Estado afirmou que não há mais registro de focos ativos de incêndios, mas 48 municípios permanecem em alerta máximo para queimadas.
Estradas estaduais estão liberadas e algumas escolas técnicas (Etecs) da região de Ribeirão Preto e Franca terão aulas remotas. O fogo atingiu mais de 34 mil hectares.
O Governo brasileiro acionou a Polícia Federal para investigar possíveis ações criminosas. “São Paulo não vai tolerar delitos desse tipo”, disse o governador Tarcísio de Freitas ao citar o caso de um detido em Batatais, que estava com um galão de gasolina e disse pertencer a uma facção. A Polícia Civil está mobilizada para investigar todas as ocorrências de incêndio criminoso no Estado.