Em meus tantos e tantos anos de vida, se há alguma coisa que aprendi é que banqueiro sempre se dá bem no nosso País. Cerca de 90% do povo brasileiro vive na pindaíba. A família, junta, não chega a receber, por mês, três a quatro salários-mínimos. Há mais de 30 milhões de pessoas abaixo da linha da miséria.
“Pensando bem, todo mundo tem pereba, só a bailarina é que não tem”, diz Chico Buarque de Hollanda. No caso, a bailarina é o sistema bancário. As elites, também. Moram nos 10% restantes dos meus cálculos de grosso modo.
Pois bem. Enquanto bancos lucraram R$ 106,7 bilhões no ano passado, o endividamento da população cresceu, graças, inclusive, à alta taxa de juros imposta pelo autônomo Banco Central.
O desempenho dos bancos em 2022 é um documento elaborado pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos. No estudo, consta que o Brasil tem a maior taxa de juros do mundo, provocando o endividamento das famílias brasileiras.
De acordo com os dados do Banco Central, no ano de 2022 foi registrado um crescimento de 20,7% na utilização do Crédito “Pessoa Física”. Grande parte desse resultado, 85%, vem da utilização do cartão de crédito, cujas taxas de juros do rotativo estão acima dos 410% ao ano.
A parcela de famílias brasileiras com dívidas chegou a 78,3% em abril deste ano. As famílias inadimplentes de todas as classes socais chegam ao índice de 29,1%.
Já a bailarina continua intocável, tomando seu banho de leite de cabra, qual Cleópatra ensandecida.
Ramalho da Construção
Presidente do Sintracon-SP