Há pouco, todos assistimos às Olimpíadas de Paris, presenciando um desfile de atletas considerados os melhores do mundo.
O espetáculo cativou seus expectadores, nas mais diversas modalidades esportivas.
E nos leva a pensar que nossa sociedade seria bem melhor e produtiva se os Poderes Públicos investissem mais em práticas desportivas, especialmente nas escolas, com crianças e adolescentes.
Podemos dizer que, no Brasil, o eixo do desenvolvimento do esporte está centrado nos clubes. Eles, aliás, fazem efetivamente um belo trabalho social.
Mas tal eixo deveria contemplar as escolas, como o é em países de primeiro mundo, grandes ganhadores de medalhas.
De tantas modalidades, o investimento principal deveria ser no atletismo, por ser a mãe de todas as outras.
Afinal, o atletismo lida com os movimentos básicos do ser humano, como andar, correr, lançar, arremessar e saltar, não é mesmo?
E a estrutura de desenvolvimento da prática não seria muito onerosa. Em qualquer canto, com supervisão adequada de um profissional de educação física, é possível ministrar ensinamentos.
Sabe-se que, no Brasil, a maioria das escolas públicas não conta com quadras poliesportivas. Mas, quando se quer, obstáculos são superados.
Além do mais, quando se pratica esporte, há notável sociabilização, com mais saúde, disciplina e providencial afastamento da nossa juventude do nefasto caminho das drogas.
A participação em educação física de qualidade pode reduzir a obesidade em 30%, aumentar os resultados acadêmicos em 40% e colaborar para a diminuição da depressão e ansiedade em até 30%, registram especialistas na matéria.
Incentivar a prática esportiva nas escolas traz resultados altamente positivos, como: promoção da saúde física e mental; melhora da postura corporal; alívio de estresse; desenvolvimento de habilidades; espírito de equipe; resiliência; empatia; respeito às regras e hierarquia; liderança; concentração; equilíbrio e tomada de decisões.
Melhora no rendimento escolar
A prática esportiva desenvolve habilidades que influenciam diretamente no positivo desempenho em sala de aula.
Está provado que a qualidade do sono e do humor também melhoram, contribuindo para um melhor rendimento escolar.
Vale lembrar: a prática de um esporte acontece fora da sala de aula, o que tira o estudante da zona de conforto e do ambiente diário, estimulando o contato com lugares e sentidos diferentes.
Razoável dizer que estimular a prática esportiva na escola, com possibilidade até de se ter alunos atletas, serve de inspiração para outras crianças e adolescentes, além de criar uma cultura esportiva, com visibilidade social.
Como estimular a prática esportiva
Se a escola oferece atividades esportivas extracurriculares, é interessante divulgar as modalidades continuamente aos estudantes e aos responsáveis. Isso pode ser feito, inclusive, com palestras, campeonatos e eventos específicos.
E mais: ao praticar um esporte, o estudante se diverte e aprende ao mesmo tempo, sem nem perceber que está desenvolvendo habilidades. Nesse sentido, a produção de conteúdo divertido, voltado aos benefícios do esporte na vida do jovem, faz muita diferença.
Outra forma de inserir o esporte no dia a dia escolar é contar casos inspiradores aos estudantes. Trazer exemplos de pessoas que passaram por situações reais, falando de temáticas como a superação de limites, a resiliência e a determinação em atingir objetivos e metas, é um bom meio para fazer os jovens refletirem e se conectarem com histórias de superação.
Problemas estruturais
O profissional de Educação Física, José Antonio Martins Fernandes, o Toninho, que dirigiu os destinos da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e é diretor Nacional de Esportes da UGT, esteve envolvido nas preparações das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Ele expõe dados do Censo Escolar da Educação Básica divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais.
Tais dados, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), afirmam que 40,6% das instituições de ensino do País possuem quadras e materiais adequados para as aulas de educação física. E continua:
“Às vezes o profissional tem um local de prática, mas não tem equipamentos básicos como bola, bambolê, cone, corda. Há, apenas, a quadra. Então, 27% das escolas brasileiras não tem nem material e nem espaço. E isso é grave, porque o professor de educação física ou o pedagogo sem espaço e sem material não consegue organizar o conhecimento e o conteúdo no currículo”, diz Toninho. E arremata:
“O compartilhamento de experiências pode influenciar os estudantes com relação ao esporte, tanto no presente quanto no futuro. É fundamental fortalecer o esporte no currículo escolar e no projeto de vida do Novo Ensino Médio.”
Toninho recomenda que o estabelecimento escolar pode, também, firmar parcerias com instituições específicas para a prática de atividades esportivas.
Atividades físicas nos canteiros
Com sua vasta experiência, de mais de 40 anos atuando no meio esportivo, Toninho faz questão de agradecer ao Sintracon-SP por ter cedido local onde se realizou a assembleia de Fundação do Sinpefesp (Sindicato dos Profissionais de Educação Física de São Paulo e Região).
“Tenho especial apreço pela categoria dos trabalhadores da Construção Civil. Sei que há mais de dez mil canteiros de obras em São Paulo. E a área de vivência onde os serviços são desenvolvidos é muito perigosa, podendo levar a acidentes, por vezes fatais. Com o devido respeito e humildade, julgo importante que os trabalhadores, logo pela manhã, antes de darem início a suas atividades, deveriam executar exercícios de alongamento, cuja prática traz concentração, aumentando as condições físico-psicológicas para o desenvolvimento de trabalho com maior segurança”, raciocina o profissional de educação física.
Segundo ele, poucos minutos de alongamento não iriam prejudicar o andamento dos trabalhos na obra, além de colaborar de forma expressiva para o pleno desenvolvimento da cadeia produtiva do setor.